Obsceno não é o peito nu
E os mamilos femininos
É o desrespeito à mulher
Nudez não é convite
Nem abrir portas para palpites
É vestir a roupa do que todo mundo é
Na eterna luta
Entre sagrado e profano
Profanam o nome de Deus
Religiosos pecadores
Muito mais que os ateus
Assédio sexual
Obsessão carnal
Relacionamentos abusivos
Estes, sim, comportamentos explosivos
Indecentes, violentos, assassinos
Crentes em sua própria ignorância
E desatino
Enquanto os meninos
Forem deseducados e desorientados
Por preconceitos machistas de seus pais
Os homens não perderão jamais
A insegurança do machão
Que não aceita “não” de mulher
E só faz o que quer
Tratando ela como qualquer
Mero objeto de seu desejo
É tanta hipocrisia que vejo
Que até tenho pena
De tanta mente pequena
Mas digo não à censura
E sim à educação
É preciso cultura
E informação
Os cultos sagrados
De crenças capitalistas
Para todos os lados
São modelos de dominação
Assim como a censura
E o comportamento do machão
Digo não ao extermínio
E sim ao autodomínio
Cada um sabe de si
Quando vierem aqui
Eu vou denunciar
Seu desrespeito
Contra o peito que eu tenho
De me mostrar
Como vim ao mundo
Num sentimento profundo
De autoestima
Não é porque não sou menina
Nem branca, nem magra
Nem nada que a publicidade propaga
Que não posso me publicar
Porque você me tirou do ar
Se sou maior parte da estatística?
Não dá para me cancelar
Na rua, na vida, na pista
Estamos todos, lado a lado
E nascemos pelados
Todos fomos bebês
Sem maldade
É muita ingenuidade
Você querer esconder
Foi um ato de sexo que nos fez
Vir ao mundo viver