Devia se intitular “Mães e Filhos”. Rodrigo Garcia, o diretor e o irrepreensível escritor do filme, é filho de Gabriel Garcia Márquez – dia chegará em que não será mais assim reconhecido. É o maior filme já feito sobre adoção e como isso afeta mães e filhos, sob a chancela dos monstros sagrados mexicanos Alejandro Iñárritu, Alfonso Cuarón e Guillermo del Toro. Gira basicamente em torno de 3 mulheres de têmpera forte. A jovenzinha que engravida, não aborta, entrega a filha para adoção e, quando envelhece, se arrepende e corre atrás. A filha rejeitada, que é adotada, e põe o filme a questionar a validade da adoção, se o adotado se considerar enjeitado. E a mulher que quer adotar a todo custo; quando finalmente adota, não suporta aquele fedelho que não para de chorar, em virtude de ele ter vindo ao mundo fruto de um desamor que a mãe de criação desconhece. E tem mais. A filha que deixou passar o tempo e não aguenta a mãe idosa criticando suas grosserias e esquisitices, ser porco-espinho com os homens e intolerante com as crianças – mulheres fechadas para balanço. A filha adotiva que cresceu se distanciando de seus pais adotivos, cedo se tornando independente e indisponível para amar quem quer que seja, amarrando as trompas para não pôr em risco usar os homens até não mais poder – em nenhum momento, o aborto aparece como alternativa no filme. Mulheres que dispensam marido ou companheiro para terem filhos sozinhas. Mulheres mais jovens dando lição em mulheres mais velhas, alertando-as para não se arrependerem tarde demais. Mulheres que não se dão bem com mulheres, personificadas no desempenho oscarizável de Annette Bening e no inebriante mistério de Naomi Watts
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