Documentário da atriz Leandra Leal, em sua estreia como cineasta, sobre as famosas travestis desde a década de 60 e de idade beirando os 70 anos, contando como brilharam nos palcos do Rio de Janeiro, e também no exterior, no papel de vedetes e cantoras, exibindo talento, beleza e corpos exuberantes a ponto de atrair inúmeras propostas de casamento, que vingaram para algumas delas a vida inteira. Nunca desejaram mudar de sexo nem estiveram em conflito com seus corpos. São elas: Rogéria, Jane Di Castro, Divina Valéria, Camille K, Fujika de Halliday, Eloína dos Leopardos, Brigitte de Búzios e Marquesa. Estampadas inicialmente quando eram rapazes, se convertendo em lindas mulheres ao se vestirem e maquiarem nos camarins, para se transformarem no palco. Se não fosse o preconceito, competiriam em pé de igualdade com muitas fêmeas. Viveram uma época em que não poderiam sair desse modo às ruas – viveram? -, salvo de madrugada, senão seriam postas em cana. Todas moravam nos subúrbios mais longínquos do Rio de Janeiro e se dirigiam de táxi para trabalhar nos teatros. Costumavam se apresentar no Teatro Rival, comprado pelo avô de Leandra Leal para se tornar o pioneiro da apresentação de travestis nos teatros do Rio de Janeiro, em 1966 – passando depois para as mãos de Angela e Leandra Leal. Uma existência de intenso brilho nas artes cênicas, mas massacradas por não seguirem o script prescrito pela sociedade, que só consegue enxergar dois sexos em seus restritos papéis, condicionados pelos órgãos sexuais. Quando existem mais coisas entre o céu e a terra do que sonha a nossa vã filosofia.