A gente complica tudo para viver. Queremos entender, tim-tim por tim-tim, como a coisa toda funciona. Estar bem informado. Saber de tudo. Revirar a ciência por completo, de cabeça para baixo. Dominar nossas ferramentas de trabalho. Ingressar num mundo que, na realidade, ainda está muito além de nós.
Portanto, nada mais natural que, a cada dia que passa, não nos cansemos de surpreender com acontecimentos que se desvelam à nossa frente, porquanto muito do que nos ronda nem sequer desconfiamos que existe, se encontra em pleno funcionamento e interfere em nossa existência numa proporção que surpreenderia a rotina que atribuímos ao dia a dia. Dos quais tememos tanto quando uma sombra se aproxima perigosamente ou uma imagem de revés surge no espelho ou um vulto passa às suas costas.
Levando a nos defender e a tentar construir uma redoma para nos proteger. Encarnando como fugitivos de nosso destino irreversível que demandam abrigo a qualquer custo. Vivendo o aqui agora como se o instante seguinte não fosse existir, ressabiado em perder o que há de mais precioso em seu pequeno mundo. Lutando para não adquirir mais consciência. Para quê? Se não vai adiantar nada! Cabotinos, energúmenos e patifes nunca deixarão de existir!
E acabamos por não nos enraizarmos no que deveríamos perseguir, correr atrás e não temer. Prosseguindo em nosso caminho natural.
São os espíritos ou a espiritualidade de que muitos fogem.