O filme de Daniela Broitman parte de uma entrevista excepcional e inédita que Caymmi concedeu quando tinha 84 anos, uma viagem na vida e na obra do cantor e compositor, o grande modernizador da música popular brasileira que influenciou gerações de músicos, abrindo caminho para movimentos como a Bossa Nova e a Tropicália. Caymmi conta histórias incríveis, suas escapulidas em paralelo à fidelidade ao seu casamento de 68 anos com Stella Maris. Revela seu processo criativo, sua relação com o universo do mar e dos pescadores, a cultura de raiz afro-brasileira, a espiritualidade do candomblé e os elementos da natureza que tanto inspiraram sua obra. O que nos leva a lágrimas, diante de um doce homem abençoar a música popular brasileira como seu babalorixá, ainda mais quando nos damos conta de mais de 50 músicas, que esquecemos ser de sua autoria, como “O que é que a baiana tem?” (sucesso de Carmen Miranda nos EUA, inclusive), “Você já foi à Bahia” (então, vá!), “Acontece que eu sou baiano”, “Saudade da Bahia”, “Oração de Mãe Menininha (do Gantois)”, “Maracangalha”, “Samba da minha terra” ( lembra João Gilberto), “Marina”, “Rosa Morena”, “Não tem solução”, “É doce morrer no mar”, “João Valentão”, “Doralice” (eu bem que te disse), “Sábado em Copacabana”, “Eu não tenho onde morar”, “Só louco”, “Na Baixa do Sapateiro”, “O vento”. Canções monumentais, criador de obras-primas, o gênio da raça, como João Gilberto o descreveu a Caetano Veloso. Apreciava o silêncio para a inspiração aparecer quando ouvia o mar dar à praia e a ondinha encontrar seu fim. Ou quando o vento mudava de rumo ou ressurgia de surpresa.