Clinton e Hillary. Garotinho e Rosinha. Dois casais midiáticos com completo domínio do “quem não se comunica se trumbica” pavimentando a escalada rumo ao sucesso que o poder confere. O futuro dirá, Garotinho presidente, ex-primeiro damo, e Hillary presidenta, com Clinton de primeira-dama, entrementes o efeito Darlene de Gilberto Braga prossegue baixando o santo.
O sexo oral com a estagiária Monica Lewinsky no Salão Oval da Casa Branca não consegue engasgar Clinton. Propaga que recorreu à terapia conjugal por se sentir dormindo na casa do cachorro para salvar o casamento, quando Hillary ficou meses sem trocar figurinhas com o garanhão de Arkansas. Confessa que não há desculpa para uma indecência do nível que um presidente não pode se dar ao direito – afinal, não se chama Kennedy. Entre o divórcio e abrir o verbo, preferiu o livro de memórias “Minha Vida”, de 957 páginas, que lhe renderá mais de US$ 10 milhões, na seqüência do best-seller “Vivendo a História”, em que Hillary historia sua passagem pela Casa Branca.
De mesma valência, Garotinho reproduz o percurso, sem o sexo para atrapalhar um crente, apesar de seus nove filhos. Prefere o messianismo em “Virou o carro, virou a minha vida”, quando relata o grave acidente de automóvel que o impediu de vencer uma eleição. Inspirando Rosinha em “Que mulher é essa?”, uma reflexão sobre a mulher virtuosa dos tempos bíblicos e sua aplicação na sociedade moderna.
Ambos os casais apreciam fomentar a rivalidade entre capital e interior, sulistas e nortistas no rescaldo da guerra civil americana. Na queda da qualidade da Cidade Maravilhosa em favor da República de Campos, em prol da desfusão e no apartheid de baixadas e porciúnculas de cidades que almejam fugir à pecha de caipiras. Como se pudesse dissociar asfalto de morro, samba de axé e torresmo de grão-de-bico.
Senso de humor é o sentimento que faz você rir daquilo que o deixaria louco de raiva se acontecesse com você, diria o Barão de Itararé. É o que falta ao quarteto que opera na política, movido pela raiva para realçar o preconceito embutido na rivalidade alimentada pelo charme discreto da burguesia. No natural elitismo advindo da intelligentzia que aposta em suas cabeças privilegiadas suplantando os menos dotados, baseada na lei da mais-valia do QI.
O QI está para gênio como a bunda para mulata, ninguém discute se areia atrapalha quando o amor arde, daí os americanos preferirem centrar no fracasso o âmago da questão. Se vencedores, somos inteligentes, o primeiro milho é dos pintos – os preconceituosos -, habemos Papa, cai no vazio contestar os reis que vão surgindo e se impondo. Porquanto conseguiram se valer do preconceito para faturar a maioria que elege.
Até a hora da maioria se aperceber que é massa de manobra.