Sarkosy só mandou atacar a Líbia com os aviões que pretende vender ao Brasil, quando viu sua popularidade despencar e cair no descrédito a 13 meses da eleição presidencial na França. Em 2007, Kadhafi foi recebido por Sarkosy com honras e salamaleques da casa por ter renunciado ao programa de armas nucleares e dito não à al-Qaeda – apoiado pela Itália e Reino Unido, os mesmos da coalizão que agora bombardeia Trípoli. Como se pudesse confiar no chefe de um conglomerado tribal, onde não existe sociedade civil nem partido político. Quando as populações da Tunísia e do Egito se sublevaram, o manto do silêncio cobriu, como uma burca, a máscara aferrada no rosto de Sarkosy que dissimula seu caráter. Mas bastou virem à tona os escândalos da ministra Michèle Alliot, das Relações Exteriores, que passou as férias de Natal com sua família na Tunísia, às custas do ex-ditador Ben Ali, e do primeiro-ministro François Fillon, que gozou suas merecidas férias no Egito, com dinheiro do bolso de Mubarak, para a máscara de Sarkosy se desmanchar em vergonha para o povo francês. Ninguém esperava a reação da imensa população muçulmana em cadeia nacional clamando por mais direitos, liberdade de expressão e democracia, pondo fim ao ideário de Kadhafi que prolifera nas nações árabes e que esmaga o cidadão mais simples, não lhe permitindo evoluir.