A cada pacote de ração dos meus cachorros que vejo acabar é mais uma vez que a dor de não ter dinheiro vem me assaltar. Mas é o apego à falta que mata os recursos que tenho para mudar o curso desta história. Tenho um marido trabalhando lá fora e uma mãe aposentada aqui dentro e nos mudamos para cá para eu pôr fim a este tormento. Me dedicar à editora e à minha escrita e não ficar mais restrita a um “bico” atrás do outro, ou a ganhar pouco no sufoco de ser escrava de malucos.
Tenho muita paciência, mas também tenho ciência de que não nasci para desistir do que tenho de melhor para dar ao mundo. Por isso, me despi de tantas vaidades e luxos e, se hoje, venho escalando, saindo deste desgosto profundo, é porque foi necessário. Estou aqui para inspirar, inspirada que sou, dar exemplos do amor na vida cotidiana e sofrida. E é através das minhas palavras que outros podem se identificar, me entender e se deixarem influenciar. É quando escrevo, que vejo que sou útil. E não fútil como muita gente pode ter pensado e eu acreditei, tão cega que era. Isso já era! Ficou em outra esfera do tempo. Hoje, minha energia, aprendizado e talento vão todos num só vento. Nas artes que eu invento.
Me falta grana pro básico
Tem horas que chega a ser trágico
Mas persisto no caminho que acredito
Não me planejei pra chegar até aqui
Também não me culpo mais pelo que vivi
Foi o que consegui fazer durante o percurso
Os sustos da minha história estou deletando da memória
Jogando fora seus pesos: desapego
Me falta grana só agora
Mas a grama lá fora ainda existe
Assim como o sol que persiste
A nos trazer luz todo dia
A grana tá vindo
E indo embora
Mas a grama resiste
E não chora
Estou viva e serena
Nada mais me deixa triste
Neste mundo infinito
Pois sei que sou plena
E o meu grito
Tá escrito