Os ateus atribuem ao bendito acaso o que levou o biólogo escocês Alexander Fleming a esquecer lâminas com micro-organismos em seu laboratório londrino. Ao retornar no dia seguinte, o cientista viu que uma cultura de estafilococos tinha sido contaminada por bolor, e que, ao redor destas colônias, não havia mais bactérias. Quando o gesto era quase automático entre os bacteriologistas ao perceberem placas com cultura se apresentando com mofo, simplesmente as descartando.
Começava ali a descoberta do primeiro antibiótico, a penicilina, responsável por salvar incontáveis vidas ao redor do mundo. Até então não havia armas eficazes contra bactérias e fungos. A distração que levou à grande revelação aconteceu em 1928, só que mais dez anos foram necessários até o medicamento chegar ao mercado em larga escala no início dos anos 40 e revolucionar a indústria dos remédios. Coincidiu com o mundo estar em plena Segunda Guerra e a penicilina ter sido muito utilizada no tratamento de feridos que chegavam com algum fragmento de bala, de granada, de bomba, com amputação de membros.
Bendito acaso, distração, coincidência. O próprio Fleming se espanta como é possível que, em questão de minutos, um verme, caído não se sabe donde, em um lugar onde era o menos desejado, viesse a apresentar tão extraordinários resultados, cuja leitura por parte do enfermo significava a cura de sua moléstia.
Quando nada acontece por acaso, não existe coincidência e até o acaso é bendito. Vez por outra, é necessário dar um empurrãozinho no ser humano para evoluir um pouco mais rápido ou facilitar a cura para suas mazelas.
E quem mais poderia propiciar uma obra como essa?
Mas o homem não se cansa de reincidir em seus erros. Fleming advertiu que não deveriam abusar da penicilina sob o risco de torná-la ineficaz. Décadas mais tarde, cientistas dão conta de que a humanidade não seguiu seu conselho. O uso exagerado de antibióticos, derivados ou não da penicilina, causou o surgimento das chamadas superbactérias, resistentes a todas as drogas disponíveis no mercado, convertendo-se numa das maiores ameaças ao futuro da espécie humana por propiciar novas oportunidades a epidemias.
E quem mais virá em seu socorro?