Quantas vezes alguém vira o rosto fingindo que não o vê? Olham para você e não o reconhecem. Não é que virem as costas, mas se eximem de mirá-lo de frente. Ninguém se oferece para descobrir o que está acontecendo com você. Ninguém quer dar um passo nesse sentido. A angústia em descobrir o que fazer os desvia de seu rumo. É nesse momento que sua cabeça gira e multiplica-os ao infinito.
Você parece um ectoplasma, esbranquiçado, assumindo uma grande variedade de formas que se deformam constantemente, emanado de si mesmo, em transe mediúnico. Vaporoso e diáfano, vago e impreciso, tangível porque médium e espírito manifestante se afinam, agem em união de forças, dependendo um do outro. Um dos dois sozinho não poderia gerar o fenômeno. Uma combinação de fluidos que não causa estranheza. Somos emissores ou receptores em maior ou menor proporção, lançamos a imagem, o pensamento ou símbolo para que o receptor capte.
A pressão do temor de se conviver com o espiritual é que, uma vez que você invade o mundo dos espíritos, também eles podem invadir o seu.
Nós não nos lembramos das vidas passadas, e é aí que reside a sabedoria. Se lembrássemos do mal que fizemos ou dos sofrimentos pelos quais passamos, dos inimigos que nos prejudicaram, ou daqueles a quem sabotamos, não teríamos condições de viver entre eles atualmente. A impressão que temos de algumas pessoas que se aproximam é que são nossas inimigas. Temos que aproveitar a chance e desfazer, no íntimo, as reminiscências de vidas passadas.
Sucede que, saindo de sua redoma, os contornos dos seres inanimados que nos cerceiam tornam-se mais vívidos. Impelindo-nos a vencê-los. E se a energia não fluir para escapar, ela irá funcionar como se um rato estivesse dentro de nós, a nos comer por dentro porque não encontra uma saída. A essa energia assim represada damos o nome de câncer, que se manifesta de diversas maneiras ectoplásmicas a verificar se o afeto foi desviado para longe do remanso onde costumava se deitar para se reproduzir.
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