Apesar de o presidente Lula ser o mandatário mais admirado das Américas, segundo os latino-americanos, o jornal francês “Libération”, inconformado com alternativas à globalização que não vingam, decretou que o ícone já era. Muito comportado, para não decepcionar. Transformou-se num transgênico, geneticamente modificado pelo exercício do poder.
Pegar pesado é a tônica em casamentos desfeitos. Contudo, num país que enfrentou 22 anos de ditadura e tem 55 milhões de pobres, quem, em sã consciência, pode imaginar que tudo irá se inverter? Ao mesmo tempo em que o governo pede paciência, acusa que o tempo conspira contra. Vamos adiante, impacientemente, rumo ao Brasil do B e não ao Brasil de Lula.
Mas como? Como pavimentar uma via sobre os destroços da herança maldita da gestão temerária dos tucanos? Não tiveram o pudor de afundar o Brasil para ganhar as eleições, a qualquer preço. Qualquer economista de meia-tigela, ph.D inteligente ou tecnocrata que deguste um bom vinho teria evitado o malbaratar da inflação e a ascensão do risco-Brasil. Na razão direta do que resultou no endividamento, tungaram o bolso do desavisado que se desguia na rua de quem mete o olho no seu celular, obrigado a deixar seus pertences na barraca ao lado para dar um mergulho, e não sair de casa à noite com vergonha dos exemplos que vêm de cima.
Má-fé que merece ser patenteada.
E o PFL, posando de oposição? Dividido entre Von Borhausen, ACM – perdido entre painel de votos do Congresso e grampos – e o Kaiser César Maia. Se o médico Palocci não satisfaz, imaginem a reedição de Bob Field, que defendia a diminuição do Estado a uma sala com office boy para anotar os recados do patrão, assim como reduzir a previdência ao salário mínimo. Sem se importar com a fome e a miséria de áfricas, índias e iraques, uma palestina só, que empurra o mundo, inexoravelmente, para obrigá-lo a solucionar o problema ou eliminá-lo, ao se perder a esperança na cidadania.
Debocham da cidadania: é só gordura verbal, de caráter estiloso chegado a uma atitude, dando ilusão que acrescenta miolos ao cérebro. Acreditam que só se melhora o padrão de vida fazendo crescer a economia, fingindo desconhecer que a especulação rende mais juros que o capital aplicado na produção. Desdenham das bolsas de diversos gêneros, são programas assistencialistas para enganar os crentes a votarem em bispos que manipulam o bingo das eleições.
Insensíveis ao clima de insegurança reinante ao desprezarem o mínimo com que muitos sonham, através do milagre da multiplicação dos pães. Vivemos emprenhados dessa miserabilidade moral e miséria humana, e nada fazemos. Cruzamos os braços diante de exploradores que proliferam que nem coelhos, pouco importa o hemisfério, utilizando-se do intelecto ou da intuição. Qual seja o meridiano, como canal de energia vital para atingir um nível rasteiro de considerar o ser humano como otários numa fila esperando para serem enganados.
O planeta Terra tem que superar esse carma. Para evoluir.