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ESCRAVOS DO PASSADO

Quando ficamos escravos do passado, acabamos reduzindo nossa vida àquilo que já conhecemos e podemos nos tornar resistentes às mudanças. O que equivale a enclausurar todo o nosso potencial e apagar a chama da energia que renova nossas esperanças.
Mas se conseguirmos abrir a guarda e parar de nos defender, expressando as nossas emoções com maior clareza e objetividade, daremos um passo decisivo na direção da construção de relacionamentos saudáveis. Pois existem momentos em que, ao escondermos os nossos sentimentos, acabamos nos recusando a nos relacionar de verdade, o que fatalmente implica em nos afastarmos de pessoas que poderiam ser importantes em nossa trajetória.
Mas como expor o que se passa no nosso íntimo? Se receamos não sermos entendidos ou mal interpretados em nossas posições. Ou fazerem mau uso de alguma argumentação mais ousada. Ou se apresentar sem convicção formada sobre o que pensa. Como quem não quer nada, tímido e passível de repreensão. Se o seu todo demonstra esfacelamento. 
Se tem certeza de que dizer o que pensa provocará uma reação que o obrigará a se recolher. Então, para que se atritar? Se ouvirá uma resposta com cinco pedras na mão. Não gostarás do tom e acharás besteira devolver na mesma moeda. 
Melhor ser escravo do passado. Todos já morreram, vives dentre fantasmas e só ouve vozes que vêm do Além, que nem mais o assustam por estar acostumado à modorra que o consumiu por inteiro. A contundência, se houver, provém de pesadelos, mas que pouco temor lhe causa. Pois já transitou dos sonhos que se originavam da materialidade que não conseguiu transcender. 
Transcender o passado ou se juntar a uma imensa população que desperdiça a chance de aqui encarnado vencer o seu carma.
Antonio Carlos Gaio:
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