Muita badalação em torno da comemoração da queda do Muro de Berlim e da derrocada do comunismo e nem um pouco de indignação com os muros de dois ícones do capitalismo. O de maior ibope, o Muro do Apartheid ou da Vergonha, o símbolo do conflito israelense-palestino, 2,5 vezes maior que o de Berlim e projetado para dobrar a extensão e isolar os homens-bombas da prosperidade de Israel. Uma das maiores contradições de todos os tempos, uma vez que os judeus foram prisioneiros e vítimas dos campos de concentração nazistas – razões há, mas o passado continua presente, com tendência a perpetuar-se. Já os EUA se preocuparam com a aparência mais amigável possível de seu muro de 1.126 km, construído para evitar a entrada ilegal de mexicanos e outros latino-americanos. Maquiaram-no de cor-de-rosa, contendo janelas com telas, a fim de permitir que residentes de ambos os lados se vejam e conversem como se estivessem numa penitenciária. Se vier do comunismo, não presta; se do capitalismo, o espírito crítico falece no silêncio sepulcral.