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ESTAMOS VIVENDO MENOS POR NÃO PODERMOS PERDER TEMPO

O tempo passa rápido. A sensação que a gente tem é que estamos vivendo menos. Consumidos pelo estresse no afã de melhorar o padrão de vida, imprimimos um ritmo febril em nossas atividades, que não nos dá tempo para pensar no que cerca o nosso mundo. Ao menos, como deveríamos, para tomar certas atitudes que, por tardarem, trarão consequências, mais cedo ou mais tarde – pecando pela omissão ou pela cegueira. 
Se não há tempo sobrando, ou é porque vivemos imersos num imenso prazer ou pela burocracia do dia a dia nos absorver por completo, tirando qualquer possibilidade do que fazer com o resto da vida. Mas o prazer acaba. Ou se renova, abrindo uma cortina no tempo em que se divisa o horizonte e, no Céu, renascerás! 
Contudo, quando formos ver, o ano já se passou, não realizamos nada e pouco proveito se extraiu do caule da árvore da vida. Estamos vivendo menos por não podermos perder tempo em favor do que supostamente seria melhor para nós. Concentrados em nosso foco e no que vai nos acrescentar e fortalecer nosso futuro promissor, causando danos à visão bilateral e à gastura típica de quem se sente um produto descartável! Foi-se o tempo em que havia bem de longa duração. E isso alcança o ser humano, que não consegue distinguir sua alma de objetos inanimados, incorporando-se à grande feira de seres viventes que repetem, repetem, de modo agonizante, que estamos, cada vez mais, vivendo menos! 
A defender tolerância zero e condenar todos ao mesmo fim, sem saber o que escolher para pôr no lugar, pois o seu descrédito é total e não encontrar saída para sua existência. Restando a sensação angustiante de mirar os ponteiros do relógio girarem sem parar e o sol e a noite se engolirem, sem existir ninguém que dê um basta nessa vida sem sentido, por termos nos redirecionado para uma existência sem tempo para descanso, a produzir incansavelmente, sendo eficazes, conectados na rede, ligados o tempo todo. Vivendo menos por não podermos desperdiçar um tempo precioso que, caso fosse bem empregado no redirecionamento de nosso espírito, se alargaria para que você, sem pressa, encontrasse o caminho das pedras.
Antonio Carlos Gaio:
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