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ESTELIONATO ELEITORAL

Observa-se uma evolução.
Começou no exercício do poder: FHC escorregadio ao sabor das privatizações mandando esquecerem tudo que havia escrito para bem governar desde que aumentassem seu mandato. Durante a campanha: Lulinha Paz e Amor para reverter o estigma da derrota, pedindo calma enquanto o Banco Central traça a economia de Palocci na hora que bem entende. E agora o Cesar Maia antecipa o pontapé nos fundilhos do cidadão ao arregaçar as mangas para tirar partido da falta de partido.
Nem bem foi empossado, já pode renunciar. Numa manobra ardilosíssima do PFL, que o lançará candidato à presidência, explorando sua imagem de prefeito vencedor no programa eleitoral do partido em 2005. Repetindo a estratégia que quase deu certo com Roseana Sarney se não fora o flagra da Polícia Federal no dinheiro da campanha esparramado numa mesa. No mínimo, vale como uma carta na manga numa possível aliança com os tucanos contra o mal comum. Cesar entraria de açúcar no restabelecimento da política do café-com-leite: São Paulo de Alckmin com Minas de Aécio.
Coitado do Rio! Traído por Lula, Garotinho e, agora, Cesar Maia. E o pior é que ele e a Rosinha foram eleitos logo no primeiro turno. O Rio dirigido por um pinóquio, um garotinho e uma rosinha, ninguém merece! Lembra o Pelé no carioca não saber votar quando se associa à decadência no futebol rubro-negro, botafoguense, vascaíno e tricolor. A cidade ficará acéfala, entregue à própria sorte, nas mãos da polícia.
“Não existe no Rio de Janeiro um historiador, sociólogo, cientista político ou urbanista que conheça como eu a história da cidade, do início do século XIX até hoje” – uma inteligência acima da média ponderada dos políticos. Cesar jacta-se no frigir dos ovos de seu terceiro mandato como prefeito numa cidade que se orgulhava de ser de oposição.
Diplomou-se na faculdade do Brizola, fez curso por correspondência com Jânio, valeu-se da mesma fonte de créditos de Lacerda, pediu a bênção de ACM e endossou seu nome para imperador da cidade do Rio. Até tu, Brutus? No desprezo pelo eleitor, o escárnio de Nero, ao não conseguir resistir a se oferecer como uma alternativa para o Brasil.
O que impressiona nos políticos é a sua capacidade de primeiro pensar em si e depois no país.

Antonio Carlos Gaio:
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