– Eu te fiz algum mal, por acaso?
– Eu não suporto ver você brilhar!
– A inveja mata, sabia?
– É que tudo parece fácil na sua vida.
– Aos teus olhos.
– Você está sempre com um sorriso no rosto.
– Fiz opções em minha vida que num primeiro momento foram extremamente difíceis.
– Isso não é transparente.
– Tive que arcar com alguns encargos e engolir sapos.
– Não me parece crível.
– Eu não me preocupo se você acredita em mim.
– Por que quer acabar comigo com o seu brilho?
– Eu me concentro no amor. O ódio não me apetece. Dá ânsias de vômito.
– Então, por que você quer me devorar?
– Eu apenas desejo evitá-lo.
– Você não gosta de mim.
– Quem não gosta é você.
– Eu queria o tipo de vida que você leva…
– Você não quer arriscar.
– É… eu não quero abrir mão do que tenho.
– Um dia eu não estarei mais aqui e restarei em sua memória como marca indelével.
– Que praga!
– Vais acabar vendo a vida passar da janela.
– Quando eu vejo você sair fantasiado no Carnaval da minha janela…
– Por que, nesse Carnaval de 2012, você não sai de nega maluca?
– Me fantasiar de mulher?
– Apenas fantasiar.
Para quem rasteja como um réptil asqueroso e sórdido a observar o brilho de outrem, em vez de admitir que o admira, se é que não o ama, o Carnaval é a arena ideal para soltar a franga e deixar que esse sentimento pequeno e mesquinho se afogue num mar de prazeres. Com o réptil parando de resistir e permitindo que o agarrem por trás. Para sentir no cangote o bafo de sua satisfação resolvida.