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EVITAR O PIOR É TER MEDO DO RADICALISMO

Há quem se indague se Bolsonaro é um estrategista astucioso, ao anunciar diariamente uma nova medida de acordo com suas promessas eleitorais, mesmo com o Congresso e o Poder Judiciário derrubando 98% pelo absurdo das quais são portadoras. Ou, ao melhor estilo Trump, vomitando declarações para chocar quem não é fascista e proliferar ódio nos quatro cantos do país, quando não tomando decisões que aumentam o nº de mortos nas estradas. Ou então Bolsonaro é um mero espertalhão e oportunista que vive de expedientes rasteiros que visam confundir a população para destruir, por exemplo, o legado petista, como os programas Minha Casa Minha Vida ou Mais Médicos. O que está dando margem a insultos quanto à falta de capacidade do brasileiro de não ter sabido votar no menos pior contra o PT, e nunca num Bolsonaro qualquer. Tal como o eleitor francês foi inteligente ao eleger Macron para afastar o perigo fascista de Marine Le Pen. Desde que, é claro, o candidato seja sempre egresso da elite governante, e nunca um rastaquera como o capitão aloprado, voltado para unir forças contra a candidatura reconhecida por defender políticas de inclusão, de cotas, de bolsas de estudo e de moradia barata para as comunidades, retirando privilégios da classe média chulé. Portanto, o menos pior evitaria o confronto entre as forças conservadoras e progressistas, cada uma em suas trincheiras, a bem da estabilidade política. Postergar-se-ia o verdadeiro embate do jogo sujo e ilusionista do serpentário em que à elite se protege e a sociedade organizada nas comunidades e nos bolsões populares, como já está se concatenando no Chile. Nunca se deve evitar o pior votando no menos pior de modo a elite e a classe média chulé serem obrigadas a sujar as mãos com o que defecam diariamente em cima da cabeça do povo, quando no poder. É se acovardar, ter medo do radicalismo, se anular abrigando-se na ingenuidade, restringindo seu cérebro e apequenando sua mente, não achando que o ser humano seja capaz de cometer tamanhas barbaridades nem tampouco discriminar seu próximo com um grau de vileza monstruosa.

Antonio Carlos Gaio:
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