Bóris Tabacof guardou um segredo por mais de 60 anos, até mesmo de sua família, para tão somente revelar à Comissão Nacional da Verdade que ficou preso por mais de 400 dias pelos militares no segundo governo de Getúlio Vargas (1951-1954). Poxa, parece perseguição aos milicos! Como se não bastasse responder a torrenciais acusações de torturas e desaparecimentos durante a ditadura militar! Quem iria imaginar que denúncias de torturas pudessem vir justamente de quando Getúlio Vargas foi mais democrata! Só se Tabacof, sendo membro do Partido Comunista Brasileiro (PCB) em 1952 e inimigo figadal de Vargas, tenha guardado um feroz ressentimento, do tipo Carlos Lacerda, mesmo tendo Getúlio se suicidado. As torturas relatadas por Tabacof (ficar nu num cubículo por vários dias fazendo suas necessidades num balde, que não era trocado, e manter-se alguns dias ao lado de um soldado, de baioneta, sem poder sentar-se) comprovam a estúpida evolução do sadismo que norteia as sessões de tortura, para atingir o ápice do terrorismo no AI-5. O mais justo seria comparar as torturas da ditadura militar (1964-1985) com as praticadas pelo caudilho durante o Estado Novo (1937-1945). Mas os militares não deram o golpe em 1964 para evitar que de Jango Goulart renascesse a Fênix de Getúlio Vargas com a república sindicalista? Foi então por isso que as torturas subiram na escala Ritcher de modo a permitir que a nova ditadura eliminasse resquícios da antiga e nunca mais houvesse oposição, esquerdismo e populismo? Reflexo de que, quando chegou a sua vez, os militares sonharam com uma ditadura mais totalitária, medida pelo aparato de repressão, mais eficiente, com menos corrupção, e proporcionando o verdadeiro choque de gestão para gerar o milagre econômico.
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