Devido às suas tradições golpistas, não foi nada difícil para o Exército se render às armações de Bolsonaro para se tornar ditador do Brasil durante seu governo. Se não fora o Supremo Tribunal Federal, com Alexandre de Moraes à frente, desarmar quase todas as tramoias e manobras bolsonaristas em direção ao autoritarismo, embora Bolsonaro almejasse a glória de vencer Lula no voto. Não conseguiu por pouco, escolhendo o pior momento para deflagar o golpe. No dia da diplomação de Lula, tentando invadir a Polícia Federal e no final de 2022, quando o Exército se recusou a dissolver o gado bolsonarista em torno dos quartéis-generais em todo o país, especialmente em Brasília – e dali sair para ocupar os Três Poderes no desgraçado dia de 8 de janeiro de 2023. Um ato de vandalismo misturado a terrorismo com propósitos de tomar o poder do presidente eleito Lula. O general bolsonarista Arruda, comandante do Exército nomeado por Lula, nada fez para impedir os criminosos de depredarem o patrimônio público e de invadirem especialmente o Palácio do Planalto (de onde o presidente despacha), fazendo uso de blindados para protegerem o acampamento dos arruaceiros. Além de Arruda não afastar da cadeia de comando o tenente-coronel Cid, o ajudante de ordens do Bolsonaro, investigado por esquemas de lavagem de dinheiro dentro do Palácio do Planalto com o cartão corporativo da Presidência para pagar em dinheiro despesas pessoais do patrão e de sua mulher Michelle. Eis que surge o general Tomás Miguel Paiva para substituir Arruda, todo sorridente e simpático, com o discurso de virar a página e pacificar os ânimos no país, exaltando o respeito ao resultado das urnas. Dentro do espírito da mais deslavada hipocrisia das Forças Armadas, dissimulando uma anistia que almeja, prioritariamente, para militares da ativa e da reserva envolvidos no atentado à democracia de 8 de janeiro, com o objetivo de fazer uma faxina na credibilidade da instituição. Para tudo continuar como era antes de Bolsonaro, embora o ovo da serpente seja mantido intacto em local ignorado. Ao ver dos militares, Bolsonaro que se dane se não encontrar um país de refúgio (quem irá querer abrigar esse verme?)! Ou se tornar inelegível por esfaquear sem cessar a democracia ou mesmo se tornar presidiário numa penitenciária de segurança máxima, como tanto pretendeu humilhar Lula na campanha presidencial. Agora que não tem mais prestígio, até por ser um fugitivo em potencial, ou valor político reduzido à insignificância por equiparação a miliciano ou mestre no golpe da rachadinha ou do cartão corporativo. Muito perigoso o Exército continuar abraçado a esse marginal. O Exército não pode incidir no mesmo erro cometido em 1988, quando devia ter expulsado o capitão da corporação.
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