Há algo muito diferente que nos ronda de forma silenciosa. Não são visíveis ou não os reconhecemos. Talvez você cruze com esses espíritos disfarçados de pessoas nas ruas e nem os perceba. Extremamente calmos, ficam atrás da cena e não buscam nada para si. Não se importam com quem leva os louros do trabalho que realizam e sim com a concepção, elaboração e conclusão da obra. A maioria trabalha anonimamente. Seja qual for a cultura do mundo. Nas grandes cidades e em vilarejos. Em enormes aglomerados humanos ou em tribos. Nas fazendas ou em ilhas onde rigorosamente aparentam não acontecer nada.
De vez em quando eles trocam entre si olhares de reconhecimento e prosseguem em sua trajetória árdua, mas sempre iluminada. De dia, muitos se misturam aos demais seres da Terra, ocupados em suas atividades habituais. Porém, à noite, à sombra, o verdadeiro trabalho se inicia. São soldados sem farda que procuram abrir a consciência, armados do mais puro impulso de altruísmo dirigido ao sofrimento alheio e no perfeito juízo de separar o certo do errado, munidos de ânimo elevado e paixão pelo que fazem, lentamente construindo um novo alvorecer com redes variadas de compreensão e solidariedade, sem demarcar fronteiras e livres da presença inóspita do dinheiro e do comércio – não há como vender a alma. Aspergindo amor que se entranha em poemas, músicas, livros, filmes, fotos, meditações e preces. Na assistência social e no ativismo ecológico. Na tecnologia e na ciência. Em sites, blogs e comunidades nos quatro cantos do mundo. Extravasando fortes abraços, palavras carinhosas, afeto indiscriminado, um adeus não muito distante. A generosidade e a bondade, pouco vistas no plano carnal, plantadas aqui e acolá.
Eles estão por aqui – isso é espiritismo! Um dia serão vistos planando suavemente como emissários de Gaia, a Mãe de tudo – associada ao útero de toda criação, aos mistérios da Lua, que nos mostra sempre uma face nova a cada sete dias e nunca morre, e ao inconsciente, o obscuro lado da mente por ser desvendado. Expressando-se de forma singular através de seus dons, muito além de diplomas e cargos honrosos. Abalando as estruturas carcomidas do planeta com mudanças que queremos ver postas em prática. Recolhendo os desabrigados, saciando a fome, curando as feridas com a energia que move seus singelos e heroicos corações. É a única forma de começar a realizar a transformação.
O trabalho parecerá lento e minucioso, sem requisitar conhecimento excepcional para sua compreensão, porque nasce de uma força que se equipara à junção das águas de todos os oceanos combinada com humildade, porém de pulso forte – característica que a evolução de toda criatura humana requer. Seja aqui ou em outros mundos, espaços ou dimensões. Eles estão recrutando quem desejar participar de reverter o enfoque da nossa existência para casar com a espiritualidade. Todos são bem-vindos e a porta se encontra aberta.
Existe vida inteligente no coração para optar, apesar dele sofrer com a fama de fraco e pouco resistente, suscetível de cair em falta, sucumbir a panes ou se despedaçar com facilidade – o coração leviano sujeito a influências diversas. Depende apenas de você vencer descrenças que foram ganhando corpo e emaranhando sua mente. A opção é solitária, bem como suas consequências imediatas, mas o porvir o insere numa família cujos mistérios e segredos paulatinamente irão ser desfeitos. Melhor do que morrer à míngua, amargurado com a frustração advinda de tudo aquilo que não pôde ser dito.