A fé reside em você confiar. Não me refiro a confiar em Deus, de quem tanto se pode confiar de olhos fechados ou sempre duvidar como o ateu.
Eu me refiro a levar fé nas pessoas ou na fenomenologia da vida, para evitar mencionar de levar fé nas coisas. Ou bem se confia ou, havendo um suposto mal rondando, fortemente se desconfia.
O que não pode haver é uma desconfiança generalizada. De tudo e de todos. Sempre achando que alguém irá lhe passar uma rasteira. Posicionando-se de pé atrás com declarações de amor ao pé do ouvido, se lhe parece sopradas ao vento para nele desaparecerem. Julgando elogios como ironia. Eternamente inseguro optando invariavelmente pela hesitação, pensando que é melhor ficar sozinho do que mal acompanhado, ou então juntos, para fugir da angustiante solidão.
Não, não necessariamente a fé precisa ser cega como a crença em Deus! O que não é verdade porque Deus nos dá sobejos motivos para que a fé em Si seja irrestrita e incondicional.
Não complique e voltemos aos simples mortais. Basta haver notória confiança para que a fé mostre qual é a sua fisionomia. Mas como, se a fé é uma tremenda abstração? A fé se expressa por outra linguagem. Por outros caracteres que não são hieróglifos. Afiança-se por si própria e não se substabelece a ninguém.
Por não desconhecer que, mesmo em quem deposita sua imensa confiança, certo é que ele irá falhar ou não corresponder à sua expectativa. Irá incorrer em erros para que a fé não se frustre e o perdoe, de modo a não dar margem a lástimas pela fé infundada. Afinal de contas, a situação em que a fé iria se manifestar pode não se apresentar conforme tinha previsto tudo dentro do figurino. Como tinha fé que tudo iria acontecer de acordo com que acreditava.
A fé não admite meio termo. Ou bem se avança com seu suporte sedimentado por uma boa autoestima, ou não progride, optando-se por um recuo estratégico, mais seguro contra os desatinos do destino – e estaciona.