A idade vem chegando e não convém mais guardar certas coisas. Ter acumulado três derrotas em disputas presidenciais levou FHC a confessar o que todo mundo já sabia: os tucanos são uma tropa de elite que perdeu a guerra em conquistar as camadas mais pobres da população. O PSDB corre o risco de ficar falando sozinho em vista do PT ter conquistado o que ele classificou de massas carentes e pouco informadas, com mecanismos de concessão de benefícios mais eficazes do que a palavra que os oposicionistas costumam empenhar. Propõe concentrar o foco na classe média, que lê mais, é mais culta e mais bem informada. E confirma, de passagem, o que era do conhecimento geral: os tucanos não gostam do cheiro do povo. Melhor do que se dirigir a quem depende do Bolsa Família e a movimentos organizados da sociedade civil cooptados pelos programas sociais de governos petistas, é partir para a nova classe média composta de uma legião de usuários da internet e seus derivados, que descobriu a força da união digital, mas não se liga na atividade político-partidária por achá-la demasiadamente vulgar. ACM Neto, o deputado baiano, nunca antes viu ninguém em política abrir mão de falar para toda a sociedade. Há quem diga que, desde que FHC defendeu a legalização da maconha, não é mais o mesmo. Contudo, o que mais FHC teme é Dilma e o seu estilo contrastante com o de Lula, podendo envolver parcela substancial dessa classe média conectada ao barato da tecnologia da informação.