Pais que envergonham filhos adolescentes. Pai que não parece com nenhum pai de seus colegas. O pai que destoa dos outros. O que causa embaraços. Pai que, à mesa da refeição, inspira ao filho jamais seguir seus passos. Pai que não corresponde às expectativas e que, se for para entendê-lo no futuro, não irá dar para esperar. Pai que, por ser excessivamente discreto e voltado para si, não tem nada por ensinar. Pai que fala pelos cotovelos e apenas quer aparecer para só dizer besteira. Pai que age como um troglodita e induz o filho a buscar refúgio no meio de gente fina, por vezes esperta, sem o menor escrúpulo de arrancar o couro de inocentes úteis, cujo exemplo de mau-caráter foi-lhes propiciado por um pai que ensinou: para se dar bem na vida, não há que ficar cheio de dedos e receoso de meter os pés pelas mãos. Há que dar as caras. E transferir o problema para quem resolveu permanecer encolhido. Massacrado pela falta de sensibilidade ou pela crueldade dos costumes ainda vigentes. Tudo nascendo de pais que envergonham os filhos.
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