Filmes dos quais a crítica não encheu a bola, quando devia ter estimulado. À frente, “O melhor lance” é ida obrigatória ao cinema não só por ser dirigido por Giuseppe Tornatore, o realizador do maravilhoso “Cinema Paradiso” e “Malena”, além da atuação do impecável Geoffrey Rush (“Shine”, “Shakespeare in Love”, “Contos Proibidos do Marquês de Sade”, “O Discurso do Rei”, como também joga com o que é verdadeiro ou falso na arte e na vida para impingir o melhor lance em leilões e formar um casal com um velho leiloeiro avesso à vida social e uma cliente jovem e reclusa, em clima de tensão e mistério que surpreenderá ao final. Para quem gosta de ambiente politizado onde a traição se sobressai como a protagonista principal, confira em “O Estudante”, de Santiago Mitre, mais um ótimo filme argentino, sobre a política estudantil em universidade com a esquerda se comendo uns aos outros para ganhar eleições, seja no diretório acadêmico, na reitoria ou mesmo para conquistar cargos públicos no governo na área estudantil. Parece chato, mas não é, pois se descortina um vasto campo de observações do quanto se pode, sem limites, trair em política, a despeito de o ambiente universitário ser considerado de nível mais elevado que o dos deputados e senadores. Para completar o mosaico de filmes excêntricos que causam espanto ou admiração, o “Sobrevivente”, oriundo da Islândia, em seu próprio ambiente escuro e gélido de inverno no qual, de madrugada, um pesqueiro afunda com sua tripulação e o sobrevivente, sem a menor compleição atlética, nada por 6 horas até chegar à costa escarpada por rochas e recifes, intransponíveis à distância, para suplantar o mar quebrando nas pedras pontiagudas e escalar a montanha, ferindo seus pés descalços no terreno vulcânico todo esburacado, como é próprio da Islândia, até encontrar luz. O filme se detém em procurar saber como ele sobreviveu, se, em águas de -2º, ninguém resiste mais de 15 minutos.