Kassab não pretende ser nem uma coisa nem outra. De que serve identidade política se pode vender sua falta de ideias para qualquer partido comprar? Se o que interessa na democracia é conquistar o poder seja qual for a terceira via, se comendo pelas beiradas ou avançando no prato do outro. Kassab ora se declara apaixonado por Serra e sua candidatura à prefeitura paulista, a quem se entregará incondicionalmente, ora procura fazer leilão de seu partido (PSD) e correligionários junto ao PT: o partido que não titubeia na hora de arrebanhar a base para governar, fingindo ter ideias comuns com companheiros fisiológicos do baixo clero, de forma a vencer a resistência do eleitorado mais conservador, angariar votos isolando os tucanos e conquistar o poder em São Paulo (estado e capital), o seu grande objetivo. Enquanto o PSD no passado, composto de coronéis do sertão e senhores de engenho dentre seus caciques, foi o partido que se vendeu a Getúlio Vargas dos anos autoritários em troca de nomear interventores em alguns estados, aliou-se aos udenistas em sua obsessão golpista quando lhe interessou, e não tinha “nada a comentar” sobre a ditadura militar, à qual prestou continência e incondicional apoio.