Sob os acordes dos melhores hinos do mundo, “La Marsellaise” (França), Brasil e “Internacional Socialista” (Rússia), o primeiro e o terceiro em função de duas das maiores revoluções levadas a efeito no planeta para resgatar os direitos do povo, a Copa do Mundo na antiga União Soviética chegou ao fim.
Ao fim do futebol que gostaríamos de ver, pois a França se sagrou bicampeã do mundo de 2018 derrotando por 4×2 a Croácia, nunca se importando de que maneira iria ganhar a Copa, nem propondo jogo, e trazendo o pragmatismo de volta ao não fazer questão de exibir talento, nem mesmo Mbappé na final. Uma equipe que, sem a bola, se entrega toda à marcação. A cara de seu treinador Deschamps, o mesmo estilo com que ele se sagrou campeão do mundo em 1998 também como jogador, façanha que só Zagalo e Beckenbauer conseguiram.
Os franceses gozaram da fama por nunca jogarem tudo o que sabem. E que era proposital. Tanto é verdade que Modric foi eleito o melhor da Copa, quando Hazard, o segundo eleito, é quem merecia a primazia.
A Croácia teve de ir à prorrogação por três partidas eliminatórias desde as oitavas, o que equivale a ter corrido mais um jogo do que os franceses – o que não serve de desculpa. Seu goleiro Subasic encolheu o braço em três gols franceses, deixando em dúvida se podia evitá-los – o que não serve de desculpa. Um deles, gol contra completamente desnecessário; o outro, um pênalti meramente interpretativo por parte da arbitragem e do VAR – o que não serve de desculpa.
Não que a França não merecesse por jogar um futebol altamente eficiente, até por fazer jus a outro título mundial que não soube conquistar em 2006 por conta da expulsão de Zidane ao irresponsavelmente agredir Materazzi. Ou por ter perdido para Portugal a Eurocopa de 2016 jogando em casa. Em 20 anos entrou no rol dos grandes no futebol.
Uma Copa do Mundo cujo nível técnico diminuiu assustadoramente das grandes seleções para as até então inferiores, o que implicou em eliminação precoce da Alemanha, Espanha, Argentina e Brasil, já não tendo se classificado Holanda e Itália para ir à Rússia. Ainda mais se comparamos com o poderio da máquina alemã de 2014 e o famoso tique-taque no ritmado estilo da Espanha de 2010, cujos caixões foram enterrados pela Coreia do Sul e Rússia, respectivamente, com a imposição de um sistema defensivo não dando espaços e ocupando boa parte do gramado para que a troca infinita de passes não resultasse no menor proveito, partindo em rápidos contra-ataques para consignar gols. O que também pode ser um ótimo sinal de progressiva equiparação de forças em busca de um maior igualitarismo ou coibição do desnivelamento entre os diversos estilos da escola futebolística que se pratica no planeta Terra, já que o futebol e o esporte, em geral, sempre andam à frente do combate à desigualdade que grassa na imensa maioria dos povos – é um sopro de alento.
Vive la France! Vive la Republique! Por formar um time de filhos de imigrantes, hoje nomeados de refugiados, notadamente africanos, e assumi-los como cidadãos franceses, mesmo que seja por interesse ao reconhecer, na maioria, sua técnica superior, tendo como paradigma o miscigenado futebol brasileiro.
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