Condenado pelo Supremo, José Genoino não devia ter forçado a barra para ser empossado como deputado federal por uma questão de ética. Arrisca-se a ser desmoralizado duas vezes, se o seu mandato for cassado em razão da ficha suja. Sem contar que já foi preso na guerrilha do Araguaia pela ditadura militar. Embora o estado de direito nada tenha a ver com o regime dos torturadores. Prevalece o império da lei, que permite questionar o julgamento do mensalão como um misto de técnico e político decidido em uma única instância, sem direito a recursos em outro nível. A frágil teoria do domínio dos fatos que embasou a condenação permite uma revisão no futuro, provavelmente quando os réus não mais estiverem aqui. Se um país como os EUA, citado como exemplo em termos de justiça, revê julgamentos depois de 20 anos e põe o condenado em liberdade em casos de erro judicial, por que não protestar? O direito de espernear é livre. Ainda mais porque isso se transformará em novela em horário nobre e o PT vai encarar a posição menos defensável. E vai discutir em tese as teses aplicadas pelos juízes supremos. O que não evitará a prisão. Mas irá se discutir a relação como se fora um casal que se separou entre dois poderes. Em ambiente de CPI para o qual Joaquim Barbosa será convidado e não aceitará.