Quem não tem paciência para aguentar burrice, corre o risco de se imolar ao pegar fogo de tanta raiva com a estupidez, queimando seu filme, que julga ser uma obra de arte diante de tanta ignorância que a cerca e por não ter as mínimas condições de revelar humildade e saber lidar com os tontos. Assim sendo, tão somente por se achar mais esclarecida e cabeça aberta do que os outros, senão na vanguarda. Fato esse desmentido por se irritar à toa e perder a cabeça, próprio dos conservadores nostálgicos de um mundo em que se julgavam os reis da cocada preta – expressão que caiu em desuso, tal como ela. Para cair na esparrela de discriminar a torto e a direito e desprezar o próximo, foi um pulo. Daí deixar-se possuir pela exaltação violenta de ânimo como ato reflexo de seu inconformismo e não aceitação de ter perdido contato com a pessoa alegre, jovial e vibrante que sempre foi, para transparecer fortemente o seu lado aziago e manipulador que sempre bem dissimulou. A tudo ela sabe, o que é pior, mas esconde, sob a alegação de que se for tomar consciência de tudo, explode. Não tendo mais moral para não suportar a burrice que campeia em sua visão política estreita, se fosse honesta para consigo mesma.