A genealogia do poder de Getúlio Vargas que formou um conjunto de idéias, valores e crenças.
Getúlio Vargas foi deputado federal e Ministro da Fazenda de Washington Luís, até ser eleito presidente do Rio Grande do Sul em 1926. Na primeira eleição em que não se respeitou a vontade das urnas, Vargas foi investido no poder em 1930, ao quebrar o círculo vicioso das fraudes nas eleições, a tônica da República Velha. Foi o primeiro presidente da República reeleito em eleição indireta através do Congresso, em 1934. Foi o primeiro presidente que se tornou ditador, em 1937. Apesar de deposto na onda da redemocratização, concluída a 2ª Guerra Mundial, sua declaração de voto no Dutra, em 1945, foi decisiva para derrotar o brigadeiro Eduardo Gomes. Foi o primeiro ditador deposto que se reelegeu, em 1950, com um pé nas costas, sem gastar a sola do sapato em campanha eleitoral, uma verdadeira aclamação. Desmentindo os expert em política que afirmam ser desgastante 20 anos seguidos no poder para qualquer político, por mais importante que seja. Em 1954, suicida-se, para evitar ser apeado do poder novamente e permanecer indelével na memória da História do Brasil.
Independentemente do que a ideologia alinha racionalmente como de direita ou esquerda, tornou-se o supremo exemplo da raposa política cuja essência é não ter amigos nem inimigos, não perdoar, mas esquecer. Fluir por entre as correntes e marés políticas requer frieza, não conversar muito com Deus e manter a vida a salvo de desilusões. Getúlio era assim.
No entanto, suicídio passa longe da realidade de qualquer político brasileiro. Não somos japoneses com vocação para haraquiri.
Mas Getúlio nunca descreu de sua caminhada e de suas motivações porque governava com as mãos limpas – assim acreditava. Até estendê-las ao espelho mais próximo e vê-las respingando de lama – assim enxergava Lacerda. O mesmo mar de lama que Lacerda manipulava com um apurado senso de inteligência que aguçava sua visão para torná-lo presidente da República, nem que fosse à frente de uma ditadura militar. Morreu com essa frustração.
A crise política que culminou com o suicídio do presidente Vargas, comparada com a atual, revela uma evolução na maturidade política de eleitores e eleitos, distantes do tempo em que Pelé disse que brasileiro não sabia votar. Por mais grave que seja a promiscuidade entre os interesses públicos e a ganância privada; a iniciativa empresarial defender a livre concorrência e mamar nas tetas do Estado.
O país continua a ser passado a limpo depois de suplantarmos as torturas de uma ditadura militar e impicharmos Collor, que prestou um desserviço aos conservadores que pretendiam dotar o país de uma boa infra-estrutura para posteriormente vendê-lo. Agora é a vez de Lula, que traiu a esquerda ao aperfeiçoar a política econômica empreendida pelos tucanos, arrochando onde não tiveram coragem. O compromisso primeiro é com quem dá aval a quem tomou emprestado do povo o direito de gerir a riqueza nacional. Nas mãos de quem?
Para melhorar tem que piorar primeiro.