X

“GOLPE DE SORTE”

Mais uma criação do gênio Woody Allen, depois que o establishment norte-americano fechou as torneiras para as produções de Woody, quando foi acusado sem provas (rejeitadas pela Justiça) de ter estuprado a filha adotiva de 7 anos da Mia Farrow, segundo sua nada confiável ex-mulher nos anos 90. O mesmo establishment que vota em Trump e na mentira, quando, na verdade, Mia se frustrou por ter sido trocada por sua outra filha adotiva (de 18 anos, a coreana) – um enredo que merece um filme. Woody Allen foi então obrigado a transferir seu domicílio cinematográfico de Nova York para Paris e, com seu olhar clínico de 88 anos, nos revelar e nos fazer conhecer recantos comuns parisienses, mas que nos embasbacam em “Golpe de Sorte” – há males que vêm para o bem. Patético é dizer que Woody Allen está acabado para a cinematografia, conforme circula na crítica de cinema. É o primeiro filme dirigido por Woody Allen falado em francês e, por isso mesmo, soando melhor, mais atrativo e enchendo os olhos de prazer. Um filme policial com duas reviravoltas espetaculares ou é sobre traição, abordando um homem com vocação para cornudo? Com uma trilha sonora de te deixar babando, jazz dos anos 50, onde piano e xilofone predominam. Com Woody Allen sempre às voltas com o destino que nos é reservado e com que chama de Acaso, não disfarçando seu estupor com aquilo que não consegue explicar. A tônica de sua obra. O público, no acender das luzes, não fez menção de aplaudir de pé, mas, em compensação, ficou sentado, sem se mover na poltrona, boquiaberto com tanto talento. Eu, seu adorador, preferi me levantar e consumir Woody em minha mente.

Antonio Carlos Gaio:
Related Post

Este site usa cookies.