A morte não é a maior perda da vida, segundo Picasso, e sim o que morre dentro de nós enquanto vivemos. Quando não realizamos nada do que imaginamos e vamos amargando a terra que há de nos comer. Abandonando todos os valores que fomos cultivando – os quais acreditamos ter nos transformado em pessoas do bem – em razão da frustração existencial que nos abraçou. Sobrevindo o ressentimento. A mágoa lançada por sobre os que nos cercam, como se eles fossem os culpados. Sepultando os tempos em que encarávamos a vida com otimismo, alegria e satisfação – considerados à época, pura inocência. Com medo de doenças se acercarem, a comparar o ambiente hospitalar a uma casa mal-assombrada e a sentir calafrios. Sozinhos no mundo.
Quando nós, seres humanos, não mais somos o centro de nós mesmos, conforme o antropocentrismo afirmava. Estamos sujeitos a pulsões, que nos empurram para a vida ou para a morte, e que podem propiciar o desencadeamento de forças psíquicas espontâneas que nos levam a diversos arroubos e rompantes para saciar a ansiedade e o desejo. Mas que, por outro lado, podem nos permitir livrar de tensões ou pressões e ampliar a saúde do organismo em que estamos encapsulados.
É a narrativa de nossa história individual criptografada no inconsciente, segundo Jung. O nosso espírito.