As mulheres reclamam que os homens hoje são imaturos e rejeitam qualquer compromisso porque isso significaria abrir mão do que a vida tem de bom – se for para se amarrar, é forçoso abandonar as noitadas. Só de pensar em ter de convencê-los do contrário, já dá preguiça. Preferem ficar sozinhas.
Elas já são maioria, cuja desproporção bem se demonstra se observarmos as diversificadas campanhas de festas e casas noturnas voltadas para o público feminino, onde a proporção entre mulheres e homens é de cinco para um. Afora os gays que, cada vez mais, saem do armário através de relações onde não se exige exclusividade, até para testar suas convicções.
É óbvio que os héteros procuram tirar vantagem da oferta maior que a procura.
O fator numérico, apesar de importante, está longe de explicar tamanha disponibilidade de tantas mulheres interessantes, que já superam, com larga vantagem, suas extremadas mães. O fenômeno é decorrência de drásticas transformações históricas, antropológicas e sociológicas que alteraram os padrões sociais e de relacionamento. Desde a popularização da pílula anticoncepcional, já faz 50 anos, as mulheres consolidaram sua presença no mercado de trabalho, viram a renda crescer e conquistaram o direito de fazer o que bem entendessem de sua vida sexual. A própria ideia do namoro como etapa que precede o casamento foi subvertida em novos formatos de relacionamento capazes de aceitar o sexo sem compromisso ou a exclusividade do parceiro.
De figuras frágeis, à espera da abordagem masculina, as mulheres partiram para um papel mais ativo, em que podem até escolher e interpelar seus pretendentes, no qual os homens as nivelam a animais vorazes. Nostálgicos de um tempo em que nem são contemporâneos, cujos métodos de sedução eram delas se fazerem de difíceis e recusarem certas intimidades nos primeiros encontros, até para se conhecerem melhor.
O problema é que, com padrões de comportamento mais elásticos e maleáveis, os homens acham que todas as mulheres são fáceis e disponíveis, bastando surgir uma marrenta, que nem te olha ou vira a cara quando você se dirige a ela, que aí ele perde a paciência e se esmera no desaforo.
Cada vez mais flexíveis, os vínculos afetivos geram níveis crescentes de insegurança cuja consequência maior é uma enorme dificuldade para o homem manter laços mais duradouros. Preferem os quebradiços, os incompletos, os incompatíveis, até para provar ser temerário assumir compromissos, se vai separar de qualquer maneira!
Além de contestarem muitas das mulheres que são independentes financeiramente, por sonharem justamente com homens de perfil mais tradicional, com qualidades como fidelidade, discrição, estabilidade e maturidade emocional – o contrário do que tanto sonharam e muito careta para o seu gosto.
Elas se tornaram extremamente exigentes na escolha do homem com quem querem viver ou estabelecer um compromisso: o felizardo tem de valer a pena!
Aí não dá! Demasiada soberba.
Há que se fazer concessões para uma relação vingar.
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