O analfabeto político não tem vergonha de dizer que falta uma política para a educação. Em outras palavras, um tiro certeiro no eleitor de Lula, que, se tivesse educação, cultura ou instrução, o que quer que seja, jamais voltaria a votar em Lula. Quando ele, o analfabeto político, não está nem um pouco interessado em que o povo se eduque e tome o seu lugar com as políticas de inclusão através do regime de cotas nas universidades e a ênfase em investir no ensino técnico. Quando ele foi o primeiro a abortar o projeto dos CIEPs de Brizola, por puro ódio ao líder gaúcho, alegando demagogia e populismo, pouco se importando se o projeto nada mais era de escola em tempo integral. Como também não tomou conhecimento do Senado Federal ter aprovado a constituição do Novo Banco de Desenvolvimento, o chamado Banco dos BRICS, formado pelos governos do Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, com capital previsto de 100 bilhões de dólares – cadê a crise? Esse é novo mundo que se desenha para o Século XXI, onde a aliança anglo-norte-americana, e entre os EUA e a Europa, está sendo substituída por uma nova ordenação a partir de uma Eurásia emergente e, principalmente, para a China, prestes a ultrapassar em poucos anos os EUA como a maior economia do mundo. A China já é detentora da maior produção industrial do mundo e, desde 2009, é o maior sócio comercial do Brasil e dos demais países latino-americanos, podendo agora negociar com os EUA ou a União Europeia em uma condição mais soberana e independente do que jamais conseguiu no passado, o que pouco importa ao analfabeto político. China e Rússia, rivais durante certas passagens do século XX, estão se preparando para ocupar e desenvolver, de modo efetivo, a vasta estepe que as separa, construindo nessa imensa fronteira dezenas de cidades, estradas, ferrovias e hidrovias. O ponto forte desse gigantesco projeto de infraestrutura é o Gasoduto Siberiano ou da Eurásia, lançado em 2014, que suprirá a economia chinesa com 38 bilhões de metros cúbicos de gás natural por ano em atendimento ao maior contrato de infraestrutura já assinado na história, no valor de 400 bilhões de dólares. E a Índia nesse novo contexto? Cuja população era massacrada na primeira metade do século XX pela cavalaria inglesa, é dona da Jaguar e da Land Rover, do maior grupo de aço do planeta, é o segundo maior exportador de software do mundo, e manda, com seus próprios meios, sondas espaciais para a órbita de Marte. E o Brasil? Até pouco tempo, devia 40 bilhões de dólares para o FMI; hoje, é credor do Fundo Monetário Internacional e o terceiro maior credor externo dos Estados Unidos. Contudo, a maioria da população brasileira ignora a existência desse novo mundo e como essa surpreendente realidade irá influenciar sua própria vida, mesmo sendo do contra. Parte da nossa opinião pública, justamente a que se considera a mais bem informada, mais inteligente e mais preparada do que os eleitores de Lula, ignora, se não desconhece esse novo mundo, baseada em um anticomunismo tão ultrapassado quanto seus ancestrais já enterrados. Acha um absurdo que a democracia relativa da China – era assim que os defensores da nossa ditadura militar a chamavam -, do alto do pedestal de 4 trilhões de dólares em reservas internacionais, empreste dinheiro à Petrobras ou para a infraestrutura do governo brasileiro. Ignora, se não desconhece, que os chineses usam automóveis, televisões de tela plana, computadores, celulares e tablets produzidos por suas estatais. Filhos de fazendeiros que produzem soja, carne de boi e frango odeiam a política externa brasileira, quando não teriam para quem vender seus produtos, se não fossem os consumidores russos e chineses. Os BRICS têm, hoje, como um consórcio, não apenas o maior território e população do mundo, mas também mais que o dobro das reservas monetárias dos EUA, Japão, Alemanha, Inglaterra, Canadá, França e Itália, somados. Os analfabetos políticos desconhecem geografia econômica, mas sabem do que são capazes ao exercer uma pressão insistente, reiterada, permanente, hipócrita e entreguista que não cede um milímetro para derrubar uma política externa independente e soberana. Optando de caso pensado por manter-se na ignorância por pura safadeza.