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INTELECTUALIDADE OU INTELIGÊNCIA?

(Extraído de meu livro “Traidores!”)

De que serve possuir um alto nível de intelectualidade? Tão intelectualizado ou tão inteligente?
• Em tempos da ditadura militar no Brasil, um carcereiro, tão monstruoso quanto horrendo, procurou, em sua cela, uma ativista que participou da luta armada e a violentou, menosprezando-a com “riquinha” cuspido no seu rosto. Urrando de satisfação e prometendo que iria nela pisar até a morte, indagando se ela não preferia simplesmente limpar a cozinha do centro de tortura, completamente nua, para intencionalmente instigar gracejos e obscenidades dos mais grosseiros a fim de incitar seus carcereiros a estuprá-la, de modo a não só degradar a soberba da guerrilheira, evidenciada pela diferença de nível intelectual entre torturada e torturador, como também satisfazer suas necessidades sexuais da forma mais abjeta e primária.
• Órgão de inteligência e repressão destinado a combater grupos de esquerda. Um braço paramilitar do aparelho de inteligência e tortura do regime. Inteligência a serviço do Mal.
• Torturar, desde que com inteligência para não deixar vestígio.
• O medo é o melhor meio de dominar o inimigo. Lenin era um intelectual a serviço de uma causa. Stalin, um burocrata a serviço do proletariado. A concretude do realismo soviético se sobrepôs ao mito Lenin para implantar no corpo da nação a célula mater de uma ideologia que cruamente proletarizava a sociedade e eliminava a aristocracia que gera o doce charme da burguesia e o artificialismo da intelectualidade que cortejava os czares.
• A sua inteligência e conhecimento profundo a respeito de diferenças gritantes entre as classes sociais num país extremamente injusto como o nosso.
• Intelectual que se preze não acredita em Deus.
• Munido de sua inteligência, tentou valer-se de suas manhas e artimanhas.
• De se ter em alta conta o nível intelectual, se souber apreciar as boas coisas da vida.
• De um garbo à altura do orgulho por sua inteligência, que brilhava nas discussões com uma clareza sem par.
• Insensíveis, estúpidos, curtos de inteligência, obstinados, cabeças-duras, que não se rendem a ponderações ou conselhos.
• Sua afiada inteligência questionava desde o mais careta até o mais pretensioso vanguardista, a investigar os meandros da consciência de cada um.
• Rara sensibilidade e inteligência cortante.
• Do alto de seu pedestal intelectual e graças ao atributo natural decorrente de seu savoir-faire e à sua inteligência requintada, sendo um notório devorador de livros, um dia resolveu jogar fora toda sua bagagem cultural amealhada que fermentou seu desenvolvimento intelectual. Por puro desgosto com o rumo que a cultura tomou.
• No florescimento de nossa amizade, com ambos se respeitando como se irmãos fôssemos, não havia esse caráter intelectualoide a alimentar disputas em torno do pensamento mais brilhante, e qual ego detinha o maior saber e reunia conhecimentos além da imaginação. Ou quem melhor punha sua inteligência a serviço de uma ideologia comum a todos.

Antonio Carlos Gaio:
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