Imagina se o Exército vai entrar em outra furada de patrocinar mais uma ditadura militar! Transcorridos apenas 54 anos, macular mais ainda a instituição renovando a validade de extermínio e torturas, e se igualando aos milicianos que mataram a vereadora carioca Marielle. Se lá atrás cometeram esse crime contra a democracia é porque ingenuamente aceitaram o papel de guardião contra o comunismo e se desmoralizaram diante da Comissão da Verdade nos governos de Lula e Dilma – tanto que Temer tratou de esvaziá-la. “Intervenção militar é assunto do século passado e não interessa às Forças Armadas”, sustenta o general Etchgoyen (ministro de Segurança Institucional, distante de embarcar numa fria como a candidatura do estúpido Bolsonaro, ou endossar movimentos grevistas de caminhoneiros clamando pela intervenção militar, enrolados na bandeira brasileira, cantando o hino da Independência, pautados apenas pela desconfiança do governo Temer não atender suas reivindicações. Muito embora os fazendeiros e associações rurais, com quem as Forças Armadas, sempre conservadoras e a serviço dos mais poderosos, lhes fazendo continência, tenham colocado seus recursos à disposição da greve dos caminhoneiros, deslocando seus trabalhadores do campo para dirigir tratores e maquinários em direção a pontos de bloqueio de rodovias, com o objetivo de engrossar o tamanho dos engarrafamentos e fortalecer o movimento – se não fosse o apoio do setor, a greve já teria terminado. Fez com que eles aderissem à política burra do incompetente Pedro Parente, responsável pelo apagão no governo FHC, reajustando diariamente os preços de combustíveis em função do aumento do dólar e do barril de petróleo, pensando só nos resultados financeiros da Petrobras e em seus acionistas, e ignorando as repercussões como um todo na economia. Apesar de irmanados ideologicamente, não há necessidade de intervenção militar, mesmo porque o trabalho sujo de afastar os inimigos da irmandade já venha sendo feito pelo juiz Moro ao prender Lula e a cúpula do PT, bem como também por outros setores do Judiciário: basta surgir um candidato do PT à presidência, que a Procuradoria inicia uma investigação e a Polícia Federal inventa uma operação para dar uma busca na residência dos perseguidos. Para que, então, uma intervenção militar? Se o Rio de Janeiro já está sob os coturnos da soldadesca e ninguém nota. O Exército não tem mais cacife para controlar esse país com o Congresso fechado e enfrentar os bandidos perigosos que assassinam PM’s, roubam cargas e atiram a esmo, nem de conter os traficantes e o seu negócio milionário das drogas.