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“J. EDGAR”

J. Edgar

Pesado e melodramático, apesar de o filme ser da extensa e frutífera obra de Clint Eastwood. Mas o que interessa é a vida de J. Edgar Hoover, o criador do FBI, que permaneceu à frente como o homem forte de investigações criminais e políticas nos EUA por mais de 44 anos, até vir a morrer em 1972. Apesar de ser gay e viver uma longa história de amor com o seu vice numa sociedade puritana, de rígidos padrões religiosos e homofóbica, bem ao feitio da época. Praticamente intocável à custa de ter comandado, no início de sua carreira, a deportação de anarquistas que estavam explodindo autoridades e congressistas. Prosseguiu caçando comunistas como se o Estado americano pudesse, um dia, ficar de joelhos perante o perigo bolchevista. Um ditadorzinho que atravessou os mandatos de oito presidentes sem que nenhum deles conseguisse destituí-lo, intimidando com arquivos secretos que mantinha sobre toda e qualquer figura relevante do cenário político. Tal como fazia a KGB, exatamente à mesma época, com os supostos inimigos do comunismo, melhor dizendo, do stalinismo. Hoover teve o desplante de convidar Charles Chaplin, perigoso esquerdista, a exilar-se na Suíça, em razão de seu filme “O Grande Ditador” acabar com a raça do Hitler. À medida que o poderoso chefão e homossexual fechava os olhos para a máfia, crescia o ódio por Martin Luther King e o movimento de direitos civis, por neles ver instrumentos de desestabilização do país e, consequentemente, coisa de comunista. Interferiu com adulteração ou fabricação de documentos na história dos Estados Unidos quando não eliminou o que havia por trás da organização mafiosa que assassinou o presidente Kennedy, provavelmente como um de seus integrantes. Para quem criou um poder paralelo que afrontava a democracia americana explorando o comunismo, não seria nenhuma surpresa na grande nação que se orgulha de sua justiça. J. Edgar Hoover, uma mente diabólica.

Antonio Carlos Gaio:
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