Quem merece repúdio é o Supremo Tribunal Federal na absolvição de Collor, cuja denúncia em 1991 somente foi recebida pela Justiça comum em 2000, transitando para a Suprema Corte apenas em 2007, permanecendo parado no gabinete da relatora Cármen Lúcia de 2009 a 2013, por carradas de razões que não cabem nesse espaço, totalizando 23 anos que originaram a prescrição dos crimes de corrupção. Quem merece repúdio é o próprio Joaquim Barbosa que finge não ter compreendido a ingerência da política no julgamento do mensalão, sob notória pressão da mídia e ao arrego de juízes que preferiram ficar sintonizados com a nem tão alta burguesia e prefaciar livros de colunistas tucanos. Não se discute o placar da votação dos juízes e sim o mérito em que apoiaram suas decisões, ora não havendo literatura jurídica para condenar Dirceu (Rosa Weber), mas assim mesmo acompanhando o bloco pró-condenação, ora cabendo ao réu comprovar que não era culpado das acusações (Fux), sendo permitido às vossas excelências apagar essas excrescências jurídicas dos registros oficiais. A julgar o pensamento político de Joaquim Barbosa extraído do julgamento, é pura exaltação do Primeiro Mundo e escorraçar os vícios de nossa democracia. Por que então não levantar suspeitas sobre o Poder Judiciário por essa secular tendência à inércia e preguiça típica de subdesenvolvido, que redundou na protelação do processo de Collor cair num fundo perdido? Seria de se estranhar muita alienação ou ignorância política para atribuir essa fenomenologia da Justiça brasileira à letargia kafkiana. Por que será que o mensalão levou apenas sete anos para ser julgado? Por que o mensalão tucano voltou para a primeira instância, se esses magistrados atuais não estarão mais vivos sabe-se lá quando chegar de novo ao Supremo? O nome disso é corrupção de valores para atender a interesses de poderosos. Causa repúdio essa hipocrisia, agora personificada em Joaquim Barbosa.