Adriano se retirou dos gramados. Necessita parar uns tempos e se recuperar do stress de ter vivido na Itália e não suportado a pressão para exibir um futebol de alto nível. Quando Adriano é um dos inúmeros jogadores que joga esplendidamente durante 2 anos e depois volta ao normal. É um absurdo o desperdício de jogadores fora de série ganharem uma fortuna e depois não saberem lidar com o sucesso – se isso acontece em qualquer canto, dentro das quatro linhas adquire o tom de escândalo. Como o Fenômeno e o seu misterioso ataque epiléptico que nos tirou a Copa do Mundo de 1998. Como o Ronaldinho Gaúcho, que não aguentou o seu próprio sucesso e a comparações com Pelé, decaindo a olhos vistos desde a Copa de 2006. Quando o que mais tem no Brasil é jogador de futebol precisando de um pentelhésimo do sucesso de Adriano, para que sua família viva em melhores condições e resgate dignidade – mais um exemplo da injusta distribuição de renda no paraíso brasileiro. Adriano lança um desafio à nossa inteligência para entender sua decisão. Ele só é feliz no instante em que põe seus pés descalços na comunidade da Vila Cruzeiro, para lembrar dos tempos em que era feliz e não sabia, na favela onde nasceu, foi criado e aprendeu a soltar pipa. Quer abandonar o circo do futebol para não ficar sujeito a desempenhar o papel de Imperador. Contudo, não se livrará de outras cobranças, em especial as crianças que sonham em possuir sua canhota que soltava tirambaços. Os argentinos já o chamam de aposentado. Outros, que não segurou a onda ou que pensa pequeno. Se não é alcoólatra, drogado, doente da cabeça ou do pé, encontrará o seu lugar em qualquer clube grande brasileiro, com um salário muito do bacana, para subir e descer morro na sua moto. A menos que tenha perdido o amor-próprio e sido derrotado pela justa fama que alcançou.
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