É um caso insólito no mundo democrático o juiz que mandou prender Pinochet ser julgado por prevaricação, simultaneamente em três casos – com um não tendo nada a ver com o outro. Baltasar Garzón foi afastado do sistema judiciário espanhol por 11 anos em apenas um dos processos, o que envolve políticos do partido conservador (PP), que acabou de ganhar as eleições. Esse povo encerrou sua carreira de magistrado aos 56 anos. Falta ainda condená-lo por ordenar a investigação de crimes cometidos pelas forças de Franco durante a Guerra Civil Espanhola. Apesar de o tsunami Almodóvar ter modificado a cara e os trejeitos da Espanha, os países que exploraram o fascismo a seu bel-prazer hoje sofrem diante da maldição de um dia o ovo da serpente se abrir numa cloaca, onde inimigos da democracia estarão conspirando. Por isso, ao Garzón restará trocar a toga para exercer um papel político. Fazendo com que supostos apolíticos e despolitizados mujam em uníssono: “Eu não disse que Garzón era um extremista?”.
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