Veja se você entende a burocracia institucional-política em que estamos metidos.
O governo Lula abriu uma nova frente, a reforma do Judiciário. Essa, de respeito, para impedir que um caso já julgado pelo Supremo Tribunal Federal seja analisado por outra corte e que uma burocracia de recursos postergue em média dez anos o julgamento em definitivo de um processo. Mesmo assim, se o prejudicado puder bancar advogados. A solução estaria no controle externo do Judiciário, de um conselho formado por magistrados de todos os ramos e de representantes da sociedade civil eleitos pela Câmara e pelo Senado, distante do corporativismo e das injunções políticas estaduais.
Bem a calhar, quando juízes, às vésperas de se aposentar – inominados graças ao sigilo da Justiça -, liberam bens de Sérgio Naya bloqueados para pagar indenizações das vítimas do desabamento de prédios com nome de palácios. No intuito de facilitar acerto de contas com sócios antes que os próprios lesados tivessem sido ressarcidos, baseados no princípio de quem vai à fonte primeiro bebe água limpa. Contrários, evidentemente, ao julgamento dos atos do Judiciário por considerarem-no como emasculação de vossas excelências.
Na contramão, a Justiça Federal manda Rosinha Garotinho aplicar na saúde os recursos milionários destinados no orçamento para cuidar da imagem do governo e considerar os projetos sociais do Estado – o Cheque-Cidadão, a Sopa da Cidadania, o Restaurante Popular – como de caráter assistencial. Com o objetivo de recompor perdas na área médica nos últimos anos em que economistas confundiram pagamento de juros com enormes filas e ausência de leitos nos hospitais.
Se a rivalidade entre paulistas e cariocas beirava o provinciano, o presidente, ao adotar a nacionalidade paulistana no exercício do poder, tornou-a pior. Provando que os olhos de dona Marta não encantam apenas franco-argentinos. Construir um oleoduto da Bacia de Campos para instalar uma refinaria em São Paulo tem o mesmo peso que os Gaviões da Fiel representarem o samba da raiz. Sob a chancela de um geólogo como presidente da Petrobras. Em flagrante desprezo pela população do Rio de Janeiro, que consagrou Lula com 80% dos votos.
Emasculam nossa inteligência quando o presidente do Supremo recorre à televisão como líder sindical dos magistrados e fazem pouco da saúde do povo, se medida pela moeda assistencial ou pela rede de esgotos, dependendo da falta ou do excesso despejado, que nos deixa doentes.
Castrados votamos para recuperar a soberania do cidadão. Isso é o que dá não se aplicar nos bancos escolares. Aquela chata da professora tinha razão, Dona Estela com a caretice das regrinhas de Português, Mestre Hermínio sempre tossindo teoremas, a gostosa da Dona Neide a provocar com sua Biologia e a Doutora Maria Augusta, um espetáculo na História. A recordar datas, nomes e baías ocupadas por invasões bárbaras que fazem sonhar qualquer imberbe com mares nunca dantes navegados. E conseguir nos meter na enrascada de tirar prazer do ensino. O desafio.