Da série “A lei não é feita para todos no Brasil”, ao contrário do que apregoam o procurador Janot e a presidenta do Supremo Cármen Lúcia, que cada vez mais se afundam em contradições para cegamente defender o Poder Judiciário, como todo bom corporativista. Se Cármen Lúcia nem garante os desvarios dos seus colegas como o ministro Marco Aurélio – o mesmo que soltou o goleiro assassino Bruno -, que recolocou Aécio Neves no cargo de senador, denunciado, flagrado, filmado e comprovado em apenas um dos atos de seu rosário de corrupções, e que nem investigado está sendo. Nem segura a língua de Gilmar Mendes e suas andanças melífluas pelos três Poderes, quando não articula com a mídia. Se Cármen Lúcia nem tem jurisdição em seu comando para chamar às falas a desembargadora Tânia Garcia de Freitas Borges, presidente do Tribunal Regional Eleitoral e integrante do Pleno do TJ do Mato Grosso do Sul, que mandou soltar o filho Breno Fernando Solon Borges, 37 anos, preso com 130 quilos de maconha e pesado armamento. Muito menos o deus da justiça seletiva, o juiz Moro, que confiscou a casa de Dona Olga em Passa Quatro (MG), mãe de José Dirceu, três dias após sua morte. Somente o Conselho Nacional da Justiça poderia dar um fim na sua evidente parcialidade, descontrole, chicanas e imposturas do juiz Moro, se tivesse autonomia e independência. Em compensação, a senhora Eduardo Cunha está livre, feliz da vida com suas contas na Suíça, fruto de propinas do maridinho, gastando a rodo, sem que isso signifique lavagem de dinheiro. A senhora Sérgio Cabral Filho está igualmente livre e feliz em seu belo apartamento com seus milhões e suas joias, à custa da fome de servidores não pagos e trabalhadores desempregados do Rio de Janeiro. A ministra do Superior Tribunal de Justiça Maria Thereza de Assis Moura, que autorizou a prisão domiciliar da senhora Sérgio Cabral Filho, negou um pedido de liberdade feito no ano passado pela defesa de uma mulher, mãe de duas crianças, presa em flagrante portando alguns gramas de drogas. Igual tratamento condescendente a Aécio e senhoras de ladrões do Erário Público está sendo concedido ao Serra, Geddel, Padilha, Loures, Jucá, Anastasia e centenas de outras ratazanas. Temer segue intocável, confirmando que leis foram feitas para punir pobres e acoitar ricos e famosos. Continuamos a manter esse Judiciário imundo, o mais caro do mundo, à taxa de 1,5% do PIB. De mãos dadas com seu avalista, a Rede Globo, quando distribui o prêmio “Faz a Diferença”. O impeachment e as pedaladas foram considerados legais, num país onde a Justiça está sujeita a manipulações e ofertas tentadoras, quando não decide pela cara do freguês (filiação partidária), já que a lei não é feita para todos. O que não é novidade alguma, desde o Brasil Colônia. Mas hoje não existe figura pública no Brasil com envergadura moral e respaldo político para dizer na cara de um Janot ou Cármen Lúcia para que se dispam da fantasia de personagens corretos, sérios e honestos falando em nome do Poder Judiciário.