É arte usar uma coleção de imagens de Madona e o menino Jesus, com variações em cima de obras de Rafael e Botticelli, dispondo do Photoshop para retocar e colar na tela mulheres-bombas que levaram Israel ao desespero? Circundadas pela auréola que consagra personagens sagradas, envoltas no tradicional lenço da Fatah? O intuito era de expor em Tel Aviv o terror por trás do fato de uma mulher realizar um ataque suicida. O trabalho de colagem é considerado arte, independente do tema, mas para a liberdade de criação alcançar incontáveis ícones e monstros sagrados de outras religiões depende da aprovação de patriarcas com seu livro sagrado às mãos. Senão vira guerra. Dia chegará em que gozaremos da liberdade de, ao lado das Madonas travestidas de guerrilheiras santificadas, exibir o sexo feminino na Palestina numa galeria de arte: se engajado na loucura suicida ou se usado como instrumento de guerra?