Por que esse desprezo da crítica por um filme como “Lion”, que nos faz chorar? Por que cansativo, tachado de sentimental, para depreciar uma história verídica? De um menino que se perdeu na Babilônia da Índia, adotado por uma família da Tasmânia, que lhe deu todo o carinho e acolhimento, para depois de 25 anos reencontrar sua mãe. Quando o que importa ressaltar é não esquecer suas origens num mundo globalizado como esse, que pode até proporcionar uma vida melhor a quem se aventura por outras plagas, mas não mata as saudades de onde nasceu e foi criado, ainda mais quando o vínculo não poder ser recuperado.
Origens? É na construção da identidade do negro com o poeta e ativista James Baldwin, personagem principal do filme “Eu não sou seu negro”, que versa sobre as mortes de Martin Luther King, Malcolm X e Medgar Evers, sendo Baldwin figura igualmente importante na luta pelos direitos civis nos Estados Unidos dos anos 1960. O racismo e apologia ao nazismo são evidenciados em imagens pouco conhecidas da época, culminando no assassinato desses três heróis, antes de seus 40 anos, no embate contra a democracia fascista americana – que andou assassinando também os irmãos Kennedy. Nos últimos anos de suas vidas, os afro-americanos estavam saltando da plataforma racista para abraçar a das classes sociais, em que os negros ou miscigenados estavam sendo arrasados pelos brancos, a metáfora do poder. Baldwin, falecido em 1987, já concebia que negros não eram uma raça à parte, e sim seres humanos que não inventaram as leis de segregação racial. O filme mostra com imagens atuais que nada mudou e equipara o massacre dos índios exibido nos faroestes estrelados por John Wayne ao dos negros na sociedade americana, desenvolvida a partir de dois genocídios: o dos índios e o da escravidão.
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