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LIVRE-ARBÍTRIO

Tal como o fluxo e refluxo da maré, ora és rebaixado, expurgado, renegado, condenado, arruinado, ora é procurado, chamado a prestar colaboração, é reconhecido, todos querem te ouvir. 
A vida não tem origem, nem terá fim, somente os vivos têm início, meio e fim. Principiar a ser vivo é nascer, abrir mão de ser vivo é morrer. Ao nascermos, o corte do cordão umbilical marca o início de nosso destino. Destino é a nossa vida. Não podemos renunciar a ela. Temos que vivê-la até o fim. O desafio é percorrê-la como o mel flui por nossa garganta enchendo-nos de satisfação. Podemos nos libertar sem passar por sofrimentos ou crises existenciais embora, via de regra, a angústia seja um grande estímulo. Mas não é necessário descer ao inferno antes de ir para o céu. Se você não estiver centrado, não conseguirá remover o atávico sentimento de culpa. O bem-estar, assim como a paz de espírito, não representa uma chegada, e sim uma jornada por edificar.
Ao iniciar um projeto, talvez ele venha a falir ou não se concluir com você ainda nesta vida. O importante é não deixar de fazê-lo e dar seqüência, mesmo que não leve a honra da autoria e prossiga nas mãos de outros que usufruirão os louros. Todos os grandes feitos são obrados pela alma do Universo e o homem pode ser colaborador dessas grandezas, se bem entender a sua função de servidor e não se arrogar o título de senhor do universo.
Geralmente, o homem vive ao sabor do que é mais superficial por influência direta do mundo exterior e pelas exigências procedentes dos impulsos que emanam de seu instinto. Vive coisificado pela roda-viva dos compromissos com situações não escolhidas, que ele confunde com a própria realidade. Conhece, quando muito, a sua personalidade, a sua máscara. Conhece e adora o que tem, ignora o que ele é.
O Universo exige que utilizemos nossa livre-vontade para fazer o que Deus poderia fazer sem o homem. Tão-somente porque Deus nos ama e deseja compartilhar o divino que transborda a valer de sua alma. Até mesmo um ateu seria herege em afirmar que não existe o divino nos cometas, cristais e quanta que se movimentam sem cessar no firmamento do imaginário.

Antonio Carlos Gaio:
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