O filme que não é bem sobre o mal de Alzheimer. Julie Christie maravilhosa passou boa parte de sua vida madura procurando algo que não consegue lembrar e, por isso, pressentiu que, pouco a pouco, começaria a desaparecer, como o sol faz com a neblina. Embora preservasse sua meiguice e ironia, não gostava que a pressionassem, porque havia fatos e pessoas que desejava esquecer e não se lembrava de quem e do quê. Afinal, as coisas mudam o tempo todo. Não lhe sai da cabeça um lugar, mas que não conseguiu ir lá. Até ser internada e encontrar um par no retiro, um vínculo no passado, mas absolutamente incapaz. Será uma encenação, se já foi tão cheia de vida? Se o passado habitualmente condena, estará punindo o marido? Quem poderia garantir se, no desenrolar da desmemória, o passado fica tão superficial? É uma doença que nos ameaça com sua proximidade ao longo da vida quando, por vezes, dá vontade de mandar tudo pro inferno, não reconhecer mais os amigos, fazer só o que dá na telha e chutar o balde.
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