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“LOU”

Lou

A CRÍTICA DA CRÍTICA

Uma produção alemã a que se assiste com toda a atenção, dirigida por Cordula Kablitz-Post, sobre a vida da escritora, poeta, ensaísta, filósofa, psicanalista e poeta Lou Andreas Salomé, que nasceu na Rússia e viveu a maior parte do tempo na Alemanha. Suas ideias, atitudes e postura seduziram as mentes mais brilhantes da sua época, como o filósofo Nietzsche, o poeta Rainer Maria Rilke e o psicanalista Sigmund Freud, sendo sua discípula voltada para a sexualidade feminina. O filme “Lou” serve, portanto, como apresentação a uma personagem fascinante e ainda desconhecida do grande público, mesmo porque sua obra não foi publicada no Brasil. Desafiadora, confrontava os padrões vigentes e questionava o posicionamento da mulher na sociedade. Ainda adolescente, já se interessava pela filosofia. Desde então, começou a tocar nas feridas das estruturas sociais e religiosas às quais era submetida. Órfã de pai, vivia em constante rota de colisão com a mãe conservadora, que queria enfiá-la num casamento para amordaçá-la de vez. Decidida a seguir o caminho intelectual, quase proibido às mulheres da época, ela ingressa na Universidade de Zurique (Suíça), a única que permitia a presença feminina na Europa dos anos 1870. Negando-se a se submeter a um homem, seja pelo casamento ou pela maternidade. Contrária ao casamento porque tornava a mulher legalmente subordinada ao marido. Todos se apaixonavam pela Lou, sem a intelectual corresponder, preferindo se privar de envolvimentos afetivos, limitando-se à amizade com eles. Entrou para a história como exemplo de pioneirismo na luta feminista por direitos e autonomia, bem antes de o feminismo ganhar corpo. A preocupação não é torná-la no filme mais importante que eles, como a crítica sublinhou, e sim devolver a influência apagada pela predominância dos eminentes autores com quem conviveu em meio à circulação de suas obras, assim como destacar a força de sua personalidade em si e junto a eles. Uma vida marcada por uma paixão insaciável pelo conhecimento. Uma das mulheres mais anticonvencionais de seu tempo. Em sua poesia pregou o ousar em tudo, não ter necessidade de nada, não adequar sua vida a modelos, nem querer você mesmo ser modelo para ninguém!

Antonio Carlos Gaio:
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