Em 18 de fevereiro último, Lula comparou as mortes de cerca de 30 mil palestinos na Faixa de Gaza, a maioria de mulheres e crianças, ao Holocausto na Segunda Guerra Mundial, marcado pelo extermínio de mais de seis milhões de judeus. Lula foi considerado persona non grata por Israel e já sinalizou que não irá pedir desculpas por sua fala. Israel destruiu o país palestino em retaliação ao ataque terrorista do Hamas, que fuzilou cerca de mil e duzentos israelenses em incursão rápida na Terra Prometida, restando agora cerca de 1 milhão e 400 mil palestinos imprensados no sul de Gaza, à beira da fronteira com o Egito. Lula deveria ter mexido no vespeiro do Holocausto? Não! É considerada a maior tragédia vivida pelos judeus em mais de 5 mil anos de existência (pode-se comparar com outras, mas não se possui dados disponíveis para avaliar). Seria mais válido dizer que Israel tem sido engolido por sucessivos governos de extrema-direita, que perdura no poder desde 1996, com inúmeros pontos semelhantes ao regime nazista (a incorporação progressiva da Cisjordânia com assentamentos), à Rússia de Putin (à forma como trata seus adversários) e o que seria a ditadura de Bolsonaro (seu comprador de equipamento de escuta clandestina que municiaria a Abin paralela). Seria complicado para Lula explicar tudo isso, mas daí a chamá-lo de antissemita é de uma sofisticação intelectual que não combina em nada com seu perfil e sua história. O que o moveu foi assumir uma megalomaníaca liderança perante os povos africanos e árabes no entorno de Israel, já que todos eles detestam o país do Netanyahu. Lula sepultou seu papel de mediador político a que se propunha, quando acabou batendo de frente com o establishment do mundo do Ocidente, organizações pró-semitas, agentes do capitalismo de Israel, que não distingue democracia de ditadura, e a elite que sempre abraça a manutenção de seus privilégios. De nada adianta. Destruído o Estado da Palestina e decidido o expurgo de sua população ou isolamento num campo de concentração, a associação de Israel com o nazismo será inevitável. Transitará do inconsciente coletivo para o realismo consciente. Nessa parada, o Holocausto não mais será o centro das atenções.