Lula é considerado pela oposição como um homem de sorte. Capaz de vender tão bem sua imagem que só restou explorar o discurso moralista da corrupção. Aí vem a crise moral do Senado com esbulhos de longa data e originados em núcleos oligárquicos que as eleições não se encarregam de dar um fim. Pois nenhum dos senadores, guardiões da Moral, teve a audácia e o brio de falar em cassar Sarney. Como irão arguir o governo Lula na CPI da Petrobras, se não têm moral para cuidar da própria Casa? Lula é um homem de sorte por não ter oposição. Não conseguem propor novas ideias. Não formam um time que os distinga dos governistas. Acostumados a anos no poder, seja na já longínqua ditadura, no Plano Cruzado do Sarney, no apoio envergonhado ao Collor, na era FHC, travestidos ou batendo continência, ser oposição é uma camisa de força. Perderam a moral quando, no episódio do mensalão, não tiveram a coragem de iniciar uma campanha para tirar Lula do poder, explorando o refrão que se tornaria famoso do “eu não sabia”. Ficaram com medo de peitar o povão; vai que dessem com os burros n’água e não fossem eleitos. Pois não é que repetiram a dose? Sarney reproduziu o “eu não sabia” quanto à sua parentela empregada através de atos secretos do Senado. No eterno espírito corporativista dos senadores, pulsa a mesma falta de consistência e dignidade do “eu não sabia”, o que levou o alto-astral Evandro Mesquita a se irritar e culpar a mãe dessas caricaturas pelos males do Brasil.