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MACHISMO

Diante do descalabro de situações a que assistimos e compartilhamos no dia-a-dia, só nos resta olhar para os homens sem medo de ser inconveniente ou invasivo.
“As frutas estão docinhas?”, ao que o feirante responde “o primeiro beijo é doce”.
“Sou mulherengo e não nego. Aos 24 anos, não me prendo a nenhuma mulher. Quem quiser, tem que me encarar do jeito que eu sou.” Ao que sua mãe comenta “foi por isso que eu deixei o pai dele chupando dedo”.
“Pra mim, você é viado”. O garanhão não se faz de rogado “Ah, é meu filho? Então deixa sua mulher comigo 24 horas para ver se ela volta pra você!”.
O coroa que procura não ficar à margem na transição dos tempos: “Me casei com a primeira virgem com quem transei. Acho que por culpa. Hoje, aprendi a transar e ter prazer com as minhas amigas.”
“Tá, tá, tá… Já sei o que você quer dizer.” Com tamanha demonstração de superioridade, faz a mulher pensar que o que ela está falando é uma bobagem. A pior sensação é a de não ser ouvida: a auto-estima vai pro pé.
Mau humor feminino só pode ser causado por TPM ou falta de homem. Já o mau humor do homem é concreto e tem sempre uma causa justificável. O que faz a senadora Heloísa Helena perder as estribeiras com essa decantada lógica: “homens riquinhos e ordinários como esses, eu vomito em cima”.
Machismo entre homens. Quando um deles vem com um papo mais sensível, distante da baixaria, logo os outros sentenciam: “você deve comer muita mulher com essa conversinha”.
Ser um verdadeiro devoto do corpo feminino e admirar as curvas, o cabelo, a conformação da boca, os seios, a barriguinha de fora. Apreciar a perna que briga com a saia para insinuar a coxa e mostrar seu volume. Preocupar-se em quantas mulheres comeu durante a vida, quantas realizou sexualmente, fazendo-as se sentirem desejadas, únicas, deusas, na cama e na vida. O exagerado senso de orgulho masculino com a virilidade agressiva.
Contudo, o homem sensível penetra não só no corpo, mas na personalidade, seduzindo-a com a dimensão de uma poesia. Penetra em seu universo não para mantê-las sob controle e sim para libertá-las, gozando de sua insuperável autonomia quando livre de pressões. Precisa ser macho de verdade para alcançar tamanho êxtase.

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Antonio Carlos Gaio
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