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MÁGOA

Mágoa não só provoca danos pelo sofrimento que entranha em nosso espírito, como também pelo transtorno que provoca nos relacionamentos por meio das cobranças. Quando guardamos rancor de situações que não soubemos resolver.
Qualquer que seja a inspiração que motive a mágoa, ressentimento ou vingança, seu defeito pior é o forte amargor na alma causado pela sensação de injustiça a partir do mal que alguém nos fez.
Além da dor, o que mais incomoda é a sua permanência. Mesmo com o passar do tempo, o sofrimento não cessa seus efeitos. Como é impossível levar nossas vidas sem sermos atropelados pela ânsia de outras pessoas em nos atingir, tendo em vista a imperfeição da natureza humana, corremos o risco de acumular feridas e nos tornarmos pessoas desiludidas com o nosso destino.
A raiva é um elemento natural reativo a ofensas, injúrias e traições, mas se a inibirmos por medo de expressá-la, ela culmina por se transformar em mágoa.
Extremamente apegada ao passado e com receio de manifestar claramente seu desagrado, a possuidora da mágoa, ao não aceitar a imperfeição humana, idealiza uma realidade onde as pessoas jamais lhe faltarão.
Só o perdão para diluir as mágoas e nos aliviar. Mas por que tanta dificuldade em perdoar?
Inicialmente persiste uma falsa crença de que o maior beneficiário do perdão é quem nos ofendeu. Quando perdoar é ficar livre da dor causada por outrem, daqueles que nos magoaram. Em segundo lugar, perdoar não é esquecer o mal que nos fizeram, nem voltar a ter o mesmo relacionamento de antes. Também não significa fazer de conta que nada aconteceu. É apenas parar de sofrer porque a mágoa finalmente deixou de marcar sua presença em nossa alma.
Chega de carregar as ofensas e os que nos ofenderam!

Antonio Carlos Gaio:
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